
Menino vadio que vai pelas ruas
Levando nos olhos a liberdade
Que eu não tive no meu tempo.
Menino vadio, você vibra, você sente
Que o mundo é seu ax todo momento.
Você toma o vento nas faces,
Aspira a manhã e rola na grama,
Você brinca no barro vermelho
Das ruas da sua infância tão cheia...
Menino vadio, você trepa em árvores
E sorri no momento exato de rir,
E nada te priva desta liberdade,
Nada te prende, menino vadio,
Você é livre... O rio é seu,
O mar é seu, as montanhas são suas.
Os mistérios, os fenômenos, o deslindar.
De tudo talvez não lhe interesse.
O que lhe interessa é que esta rua é sua,
E que esta borboleta pode facilmente
Pousar em suas mãos e que nada pode,
Nem por um momento, perturbar este sorriso
Que lhe nasce espontaneamente, menino vadio.
Menino vadio que me aparece à janela,
Chupando balas de hortelã. No fundo,
No fundo, eu tenho inveja de você,
Menino vadio. Menino vadio...
Autor: JOSÉ CARLOS DE GÓIS
Poesia vencedora do IX Festival de Poesias “28 de Outubro”
Outubro de 1.976
Publicada na antologia “20 ANOS DE POESIA”
FUNDART E
MASSAO OHNO EDITOR – 1.988
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