
Juca nasceu em Ubatuba, na década dos anos 20.
Viveu aqui até os 15 anos, depois foi embora para Santos nunca mais voltando. Empregou-se numa indústria, fez carreira e também seu pé de meia.
Seus pais visitaram Ubatuba no tempo da guerra e contaram ao filho que nada tinha mudado.
Mais tarde seus pais morreram e ele ficou só. Já pensava em aposentadoria, isso na década dos anos 80.
Algum tempo mais tarde, já aposentado, solteiro, não tinha mais quem chorasse atrás dele. Pensou em passear, talvez visitar sua terra.
E foi assim que tomou um ônibus para São Paulo e daí à Ubatuba.
Chegou, saltou, olhou para os lados e ficou sem saber onde estava. Então perguntou para um rapaz de uns 16 anos:
- Como eu chego até a Campina?
- Sei não! disse o rapaz,
- E o largo do chafariz?
- Sei não! respondeu novamente.
Vendo que nada conseguia, chamou um taxi e disse:
- Toca para o centro.
Quando tinham percorrido uns 100 metros disse:
- Quero ir ao Hotel do Felipe.
Silêncio, mais tarde disse o motorista:
- Não conheço este Hotel.
- Então vamos para o centro.
Saltou, olhou para lá, para cá e não descobriu onde estava. Andou no calçadão. Viu um Hotel. Pensou: - Vou aí mesmo.
Reservou um quarto, subiu deitou um pouco, depois abriu a janela, olhou para a praça e viu um prédio ao fundo, na direita. Parece a cadeia. E mesmo aqui o Largo do Chafariz, pensou.
Depois dê um bom banho desceu para a praça. Então viu a placa: "Praça Nóbrega", Procurou o chafariz e o Teatro. Não os viu. Desceu a rua em direção ao mar. E o Hotel Felipe? ... Agora era uma vaga de estacionamento de supermercado. Chegou na praça da Igreja. Uma praça simples mas bonita para ele que estava pensando no Largo da Matriz.
Foi até o cruzeiro. Só o mar não mudou. Andou pela mureta e subiu por outra. rua. Viu um prédio que reconheceu. Era o da Santa Casa. Aí lembrou que aquele prédio na esquina onde lera "Paço Nóbrega", era a "Casa da Câmara" e ele não reconheceu. Andou mais e chegou a outra praça arborizada. Tinha um prédio público, Olhou.:. Não conheceu. Andou para a direita e voltou ao hotel. Lembrou: - É a Campina, a praça arborizada! Agora ele já estava localizado.
No hotel dormiu como nunca. Sua cabeça rodava entre a Ubatuba moderna e a sua pobre Ubatuba sem asfalto, sem calçamento de pedras, A "Rua Direita" era a "Maria Alves", Meu Deus! Tudo Mudado.
Ficou aqui por quinze dias ..
Voltando à Santos, tomou um ônibus em outra rodoviária e foi conhecer Taubaté, que muito ouvia falar.
Subiu uma estrada apertada, assim como seu coração, pensando: - Vou despedir-me da minha mãe adotiva, a Terra de Brás Cubas e volto para minha mãe biológica, a Terra de Cunhambebe.
E assim pensando, dai a três meses já estava morando aqui.
Hoje vive sentado no banco da praça. No Cruzeiro anda na Praia.
Ver para conhece-Ia é impossível, pois Juca é tão somente o sentimento saudosista de épocas passadas.
Zé do Oreste
BLOG MUNDO IDEAL : Carlos Herglotz Arte Naif
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