
Foram-se as ruas descalças
Onde os lampiões de antigamente
Iluminavam a noite.
Já não se vê nas varandas
Os banquinhos
Para a conversa fiada
De fim de tarde.
Nas praias desertas
Não há mais redes penduradas
Nem canoas
Ao largo.
É que, infelizmente,
A profecia da poetisa
Se cumpriu:
"... dos pescadores que lançavam redes,
só resta a lembrança
em um quadro na parede..."
As assombrações assombradas
Com as luzes que fazem
Da noite, dia,
Mudaram-se.
Os pardais que dormiam
Na amendoeira em frente,
Fugiram... do barulho
Dos canos do progresso e
Do homem...
Estou aprendendo a dormir
Sem o marulhar das ondas
E acordar com o ronco
Dos motores...
É o progresso.
E em nome dele
Pago mais caro
O peixe e a banana
que fazem parte dos meus dias.
Enfrento filas...
Mas, graças a Deus, em meio a
Tudo isso,
O mar permanece! Ora azul,
Ora cinza, ora verde
Apesar de que com menos peixes...
Não sou antiga,
Mas sinto falta do pipocar
Das canoas de madrugada,
Das redes
e do sabiá que anunciava
A primavera.
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